segunda-feira, 23 de maio de 2011

Qual é a melhor preparação?

O Giro de 2011 tem sido apenas isso: Contador à frente, adversários nem perto (Bettini)
Se diz que o Giro d'Italia deste ano está dividido em duas categorias: Alberto Contador e o restante. O espanhol vem demonstrando, mesmo nas subidas mais duras, que é um ciclista muito acima da média do restante.

Os principais concorrentes do capitão da Saxo Bank-SunGard antes do início da prova - Menchov, Scarponi e Nibali - não estão nem perto do espanhol na classificação geral neste momento.

Scarponi e Nibali, segundo e terceiro colocados respectivamente, não podem reclamar de má preparação em 2011. Pelo contrário, ambos tiveram excelentes participações em provas como Tirreno–Adriatico, Milano-Sanremo, Liège–Bastogne–Liège e Giro del Trentino.

Menchov talvez seja o único dos favoritos que se preparou mal. Com toda a indecisão sobre a participação da Geox-TMC em ao menos uma das grandes voltas do ano, a concentração pode não ter sido das melhores. Depois do terceiro lugar no Tour de France do ano passado, o russo sequer participará da edição desse ano, pois sua equipe não foi convidada.

Por mais respeito que esses três nomes imponham no ciclismo, há de se convir que eles não são, atualmente, os principais nomes para bater de frente com Contador. Se não vencê-lo, ao menos exigir um esforço maior dele. Como Andy Schleck o fez no Tour de 2010.

Nomes como os irmãos Schleck, Evans e Basso optaram por não disputar o Giro, em preparação exclusiva para a volta francesa. Contador preferiu escalar Etna, Zoncolan, Gardeccia...
O monte Zoncolan, responsável pela quebra do motor de uma das motos da organização (Divulgação)

Nada que venha a ser uma grande dificuldade para ele. Como mencionado, ele tem uma confortável vantagem sobre os concorrentes, sendo 4:20 minutos do segundo e 5:11 minutos do terceiro. Está muito fácil.

Aparentemente, quando os adversários não encontram forças mentais e muito menos físicas para completar uma subida, Contador tem uma enorme tranqüilidade de atacá-los e abrir minutos de vantagem nas subidas mais duras.

O Giro é conhecido por possuir um nível de dificuldade maior que o das outras duas grandes voltas. E isso ficou ainda mais evidente neste domingo quando ninguém além do próprio Contador alegou dificuldades.

A etapa 15, de Conegliano ao Gardeccia, teve duração de 7 horas e 30 minutos. A poucos metros da chegada, os ciclistas davam a impressão de que desceriam das bicicletas e as empurrariam. Mas lá estava Contador, cruzando a linha em terceiro lugar.

Depois da etapa, ele deu a seguinte declaração. "Foi um dia incrivelmente duro, onde precisei usar a cabeça. Foram mais de sete horas, a etapa mais dura da minha vida. Tive momentos difíceis, onde estive sozinho, mas estou feliz com o resultado", afirmou.

A dúvida que surge é: quem está fazendo uma melhor preparação para o Tour? Contador, correndo o Giro, ou seus adversários, treinando à parte?

Um mesmo ciclista não vence o Giro e o Tour em um mesmo ano já há quase 13 anos. Foi Marco Pantani, em 1998. Além dele, poucos foram os nomes que obtiveram o mesmo feito. Entre eles, as lendas Miguel Indurain, Bernard Hinault, Eddy Merckx e Fausto Coppi.

Contador já é uma lenda do ciclismo, independente de seu envolvimento com doping ou de seu "caráter" na estrada - Andy Schleck que o diga. Mas será que as cruéis escaladas da Itália irão ajudá-lo ou atrapalhá-lo em sua busca pela quarta vitória em território francês? Suas palavras depois da escalada do Gardeccia me colocaram essa dúvida.

Fato é que nenhum ciclista deu mostras nesta temporada de que será capaz de bater o espanhol no Tour. Resta saber se essa disparidade será suficiente a ele ou se o desgaste do Giro irá prejudicá-lo. Mais certo ainda é que, caso ele vença ambas as provas, ele se torna cada vez mais um dos melhores ciclistas da história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário