terça-feira, 11 de outubro de 2011

Gran Piemonte: um aperitivo antes do Lombardia

Gilbert, vencedor da edição do ano passado (Divulgação)
Acontece nesta quinta-feira a volta do Gran Piemonte, ou Giro del Piemonte, prova clássica italiana que antecede o Giro di Lombardia, última clássica do calendário do ProTour, que acontece neste sábado. Em sua 98ª edição, o Gran Piemonte deu início a histórias de grande sucesso no ciclismo mundial.

Foi no Gran Piemonte que Fausto Coppi, um dos maiores ciclistas da história, se apresentou para o mundo. Em 4 de junho de 1939, conta a história, Coppi, de apenas 20 anos, liderava a prova em uma subida no vilarejo de Moriondo Torinese, à frente de Gino Bartali, outra lenda do ciclismo italiano e mundial. Porém, mais adiante, a corrente da bicicleta de Coppi se soltou e, enquanto ele parou para consertá-la, foi passado por Bartali e Cesare Del Cancia. No ano seguinte, o jovem Coppi venceria o primeiro de seus cinco Gior d'Italia.

Altimetria da prova
As últimas duas edições do Gran Piemonte foram as prévias do Lombardia, com o vencedor da primeira sendo, também, o vencedor da segunda. Foi o belga Philippe Gilbert (Omega Pharma-Lotto), vencedor em 2009 e 2010. Considerado o "Rei das Clássicas", Gilbert chega como amplo favorito para o tricampeonato, tanto em Piemonte, quanto na Lombardia. Se vencer, Gilbert iguala Giovanni Gerbi, único tricampeão da prova, que venceu as três primeiras edições, entre 1906 e 1908.

Quem pode incomodar Gilbert é outro jovem ciclista que, assim como Gilbert, vem tendo muito destaque na temporada: Mark Cavendish, o novo campeão mundial. O britânico vem batendo recordes atrás de recordes em 2011, incluindo vitórias como a Camisa Verde do Tour de France e o Campeonato Mundial na Dinamarca.

Porém, a altimetria da prova favorece Gilbert. Apesar da altimetria não apresentar subidas tão duras e, nos últimos dez quilômetros, ser plana em quase sua totalidade, os dois quilômetros finais apresentam um pequeno aclive de 400 metros de comprimento, com com ponto de inclinação máxima de 8%. O aclive termina a 900 metros da chegada, com uma descida. Ou seja, quem vencer primeiro esta subida, deverá ser o vencedor da prova.

Últimos dez quilômetros
Outros grandes nomes que correrão a prova serão Samuel Sanchez, Alessandro Ballan, Giovanni Visconti, Joaquin Rodriguez, Filippo Pozzato e Daniele Bennati.

O percurso terá 199 quilômetros, entre as cidades de Piasco e de Novi Ligure, passando pelas cidades de Villafalletto, de Fossano, de Dogliani, de Monforte d'Alba, de Alba, de Acqui Terme, de Gavi e de Serravalle Scrivia. A volta parte por volta das 5h da manhã no horário brasileiro e termina por volta das10h da manhã.
Percurso da prova

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Morre em São Paulo um dos maiores nomes do ciclismo brasileiro

Argenton em palestra recente (Divulgação)

Reproduzida do site "CiclismoBR".

Faleceu nessa segunda-feira (03), no início da noite, por volta das 18:10h, em Araraquara-SP, um dos maiores ícones do esporte brasileiro, o ex-ciclista Anésio Argenton aos 80 anos de idade. Em decorrência de complicações pós-cirúrgicas após a retirada de um tumor intestinal, doença que já o havia acometido a oito anos atrás. Anésio Argenton estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital São Paulo desde a última quinta-feira, onde seu estado clínico veio a agravar-se no final de semana, levando-o a falecer. Argenton deixa esposa e duas filhas. Seu corpo está sendo velado no Velório Municipal, e seu sepultamento ocorrerá nessa terça-feira (04) as 15:00h no cemitério São Bento, junto ao Velório Municipal, localizado na Rua Humaitá (rua Nove), atrás da faculdade de odontologia da UNESP em Araraquara.

Considerado uma das lendas do esporte brasileiro, com uma carreira brilhante, Anésio Argenton foi um dos maiores ciclistas da história da modalidade e do Brasil, para provas de Pista (velódromo), tendo sido o único medalhista de Ouro em Jogos Panamericanos, em Chicago-1959, e o melhor resultado do ciclismo brasileiro na história das Olimpíadas, 5º colocado em Roma-1960, na Prova de Velocidade Individual e 7º na Prova do Km contra o relógio. Venceu todos os Jogos Abertos que disputou, de 1949 a 1956, foi tetracampeão brasileiro de velocidade (1952, 54, 55 e 58), tricampeão Sulamericano do Km contra o relógio e velocidade (1954, 56 e 59 - vice em 1952). Participou ainda das Olimpíadas de Melbourne na Austrália em 1956, com a 7ª colocação na prova de velocidade.

O ex-ciclista, que residia na cidade de Araraquara desde os 5 anos de idade, foi considerado pela revista Época por ocasião de uma matéria sobre as Olimpíadas de Atlanta em 1996, um dos 100 maiores atletas do século XX, tendo inclusive vencido o recordista mundial da prova do Km contra o relógio de 1959, o venezuelano Antonio Demichelli, no campeonato Sulamericano de 1959, em Caracas. Já nos últimos anos de carreira, ainda obteve a medalha de bronze nos Jogos Panamericanos de São Paulo, em 1963, sempre tendo que superar todas as dificuldades e condições de sua época, sendo considerado por todos os especialistas como uma das lendas do esporte e do ciclismo brasileiro. Foi laureado pelo Comitê Olímpico Brasileiro no ano de 2001 na Escola Naval do Rio de Janeiro, no “Prêmio Brasil Olímpico”, onde parte dos maiores atletas brasileiros (vivos na ocasião) de todas as modalidades na história das Olimpíadas foram homenageados.

Argenton em competição olímpica (Divulgação)
Anésio Argenton foi o modelo de inspiração para o emblema que a empresa Caloi (cuja equipe de ciclismo representou por quase dez anos) utilizou durante as décadas de 60 a 90, na frente de suas bicicletas, onde um ciclista saía da letra "L" com as mãos apoiadas no guidão, essa logomarca foi inspirada em uma foto de Argenton pedalando no extinto velódromo do Ibirapuera, na década de 1950, quando ainda representava a Associação Ferroviária de Esportes, de Araraquara. Desde o ano de 1998, ano em que recebeu o título de "Cidadão Araraquarense", Argenton recebe uma competição em sua homenagem, a Prova Ciclística "22 de Agosto - Troféu Anésio Argenton", realizada em Araraquara no mês de Agosto e válida para o ranking brasileiro de ciclismo, sendo Lei Municipal na cidade, e válida como uma das etapas da Copa São Paulo de Ciclismo, do diretor araraquarense, ex-ciclista e preparador físico Alessandro Giannini, também responsável por todo o resgate histórico da carreira de Argenton, o qual conheceu ainda na adolescência, sendo sua referência.

Anésio Argenton tornou-se um ícone do esporte nacional e mundial, por sua carreira memorável marcada de fatos intrigantes e da extrema dificuldade de sua época. Em seus feitos internacionais, a qualidade, tecnologia empregada, o peso das bicicletas para velódromo dos demais adversários de outros países eram incomparavelmente melhores do que as que ele utilizava; sem técnico, sem preparador físico, sem massagista, sem auxiliar, etc. Por tudo isso e pela sua história fascinante, por ter levado o nome da cidade de Araraquara com o êxito de seus feitos esportivos nos principais eventos esportivos do mundo, Argenton ocupa um lugar de destaque no hall das grandes personalidades do município, como Ruth Cardoso, Ernesto Lia e Mestre Jorge, Careca, Luís Antônio e Zé Celso Martinez Correa e Inácio de Loyola Brandão. Os feitos de Argenton no esporte foram memoráveis e dificilmente serão superados, tornando as suas conquistas ainda mais admiráveis.

Um dia antes de ser internado para a retirada do tumor intestinal, no dia 16 de Setembro, a equipe da produtora 7 Filmes/ GaroaFina Produções, de São Paulo, veio à cidade de Araraquara, juntamente com Alessandro Giannini, para fazer as primeiras filmagens e entrevista com Argenton, para o Filme/Documentário que está sendo produzindo sobre sua vida e sua carreira. Os produtores estão aguardando a inclusão em um projeto, com o patrocínio da Petrobrás, sobre "Memórias do Esporte Brasileiro", cujas produtoras procuram os maiores ícones do esporte nacional do passado para fazerem um filme. Independente desse projeto, a produtora viabilizará o filme por condições próprias, sendo que a história de Argenton foi a que mais chamou a atenção dos produtores.

Em nome de todo esporte e do ciclismo brasileiro, os mais sinceros sentimentos e condolências à sua família, parentes, amigos e admiradores, todo conforto e consolo pela perda do nosso grandioso Anésio Argenton.