quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gilbert pode ir para a Quick Step

Gilbert, campeão da Tríplice Coroa nas Clássicas (Roberto Bettini)

O grande vencedor das Clássicas das Ardennes deste ano, Philippe Gilbert, pode trocar de equipe ao fim da temporada. Atualmente na Omega Pharma-Lotto, ele pode se mudar para a também belga Quick Step.

De acordo com o agente do ciclista, Vincent Wathelet, ele recebeu ofertas de praticamente todas as equipes do World Tour. "Todos entraram em contato comigo, desde a Astana à Quick Step. Mas Phillippe não decidiu ainda. Ele não quer cometer erros, pois os próximos anos serão importantes para ele", afirmou Wathelet.

"O primeiro critério para Phillippe é seu futuro esportivo, antes do financeiro. Ele irá dar preferência a um projeto belga, mas apenas sob a condição de que ele não dê nenhum passo a trás em sua carreira", explicou o agente.

Ao fim de 2011, a Omega Pharma e a Lotto irão encerrar a parceria. Dessa forma, Gilbert desperta o interesse de três grandes equipes do país e Wathelet está em contato com todas.

"Eu tive uma boa conversa com o atual chefe (da Omega Pharma), Marc Coucke, com Patrick Lefevere (treinador da Quick Step) e com Marc Frederix e Bob Verbeeck, ambos da Lotto", disse o agente.

Ele também falou da vontade de Eddy Merckx, um dos administradores da Quick Step, em ter Gilbert em sua equipe. "Não é segredo para ninguém que Eddy Merckx gostaria de ver Phillippe em suas bicicletas um dia. Mas ainda há uma cláusula em seu atual contrato com a Omega Pharma", disse Wathelet.

Se Gilbert realmente for para a Quick Step, a saída de Tom Boonen do time pode ser efetivada. Com seu contrato terminando ao fim da temporada, o também belga pode se abrir para uma mudança, mas já deixou claro que não "trocará de equipe apenas por trocar".

O agente de Boonen, Paul De Geyter, está estudando várias ofertas. "Há cerca de cinco equipes interessadas nele, inclusive a própria Quick Step", disse.

Ambos, Boonen e Gilbert estão, atualmente, correndo no Tour de Belgique, em preparação para o Tour de France, que começa no início de julho.

Julgamento de Contador é adiado e ele deve correr o Tour de France

Contador está teoricamente livre para correr o Tour (Roberto Bettini)
O tribunal Arbitral do Esporte (TAS) divulgou um comunicado nesta quinta-feira (26) informando que o julgamento de Alberto Contador no caso de doping por Clenbuterol será adiado. A audiência estava marcada para os dias 6, 7 e 8 de junho, mas deverá ser realizada em meados de julho ou, no mais tardar, em setembro.

Com a mudança, é provável que o espanhol possa participar do Tour de France, que acontece entre os dias 3 e 24 de julho. Tri-campeão, o ciclista da Saxo Bank-SunGard foi o vencedor das duas últimas edições.

"Depois de um acordo entre os Apelantes e os Replicantes, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) aceitou o adiamento da audiência, para que ambas as partes tenham tempo suficiente para se preparar para tal audiência e para garantir a participação em pessoa de testemunhas e especialistas. Desta forma, o TAS decidiu por cancelar a audiência inicialmente marca para os dias 6, 7 e 8 de junho de 2011", informou o comunicado da instituição.

Apesar de o comunicado afirmar apenas que "as datas da nova audiência serão definidas o mais rápido possível", circula na imprensa espanhola a especulação de que essas datas serão divulgadas na segunda-feira.

A defesa de Contador deveria ser apresentada até o dia de amanhã. Os advogados do ciclista planejam apresentar o argumento de que a substância encontrada em seu organismo deriva da ingestão de uma carne, durante o Tour de 2010.

Organização do Tour demonstrou surpresa com o adiamento

A decisão do TAS não surpreendeu apenas os espectadores do ciclismo, mas também o diretor geral do Tour de France, Christian Prudhomme. Anteriormente, este exigia que a decisão sobre o caso fosse tomada antes da edição deste ano da prova.

Além de definir se Contador participa ou não do Tour de 2011, o veredicto também apontará se o Tour do ano passado permanece com Contador ou se será repassado para o vice-campeão Andy Schleck.

"Queremos acreditar que a decisão será tomada antes do início do Tour", afirmou Prudhomme. "Estamos surpresos porque o TAS declarou repetidas vezes que antes da partida já teríamos a decisão. Nós só podemos repetir o que viemos dizendo desde o outono: esperamos a resposta antes do Tour", disse.

Não se sabe quais providências a ASO, organizadora do Tour, tomará ou se as tomará. Até que saia a decisão, Contador está livre para competir normalmente.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Qual é a melhor preparação?

O Giro de 2011 tem sido apenas isso: Contador à frente, adversários nem perto (Bettini)
Se diz que o Giro d'Italia deste ano está dividido em duas categorias: Alberto Contador e o restante. O espanhol vem demonstrando, mesmo nas subidas mais duras, que é um ciclista muito acima da média do restante.

Os principais concorrentes do capitão da Saxo Bank-SunGard antes do início da prova - Menchov, Scarponi e Nibali - não estão nem perto do espanhol na classificação geral neste momento.

Scarponi e Nibali, segundo e terceiro colocados respectivamente, não podem reclamar de má preparação em 2011. Pelo contrário, ambos tiveram excelentes participações em provas como Tirreno–Adriatico, Milano-Sanremo, Liège–Bastogne–Liège e Giro del Trentino.

Menchov talvez seja o único dos favoritos que se preparou mal. Com toda a indecisão sobre a participação da Geox-TMC em ao menos uma das grandes voltas do ano, a concentração pode não ter sido das melhores. Depois do terceiro lugar no Tour de France do ano passado, o russo sequer participará da edição desse ano, pois sua equipe não foi convidada.

Por mais respeito que esses três nomes imponham no ciclismo, há de se convir que eles não são, atualmente, os principais nomes para bater de frente com Contador. Se não vencê-lo, ao menos exigir um esforço maior dele. Como Andy Schleck o fez no Tour de 2010.

Nomes como os irmãos Schleck, Evans e Basso optaram por não disputar o Giro, em preparação exclusiva para a volta francesa. Contador preferiu escalar Etna, Zoncolan, Gardeccia...
O monte Zoncolan, responsável pela quebra do motor de uma das motos da organização (Divulgação)

Nada que venha a ser uma grande dificuldade para ele. Como mencionado, ele tem uma confortável vantagem sobre os concorrentes, sendo 4:20 minutos do segundo e 5:11 minutos do terceiro. Está muito fácil.

Aparentemente, quando os adversários não encontram forças mentais e muito menos físicas para completar uma subida, Contador tem uma enorme tranqüilidade de atacá-los e abrir minutos de vantagem nas subidas mais duras.

O Giro é conhecido por possuir um nível de dificuldade maior que o das outras duas grandes voltas. E isso ficou ainda mais evidente neste domingo quando ninguém além do próprio Contador alegou dificuldades.

A etapa 15, de Conegliano ao Gardeccia, teve duração de 7 horas e 30 minutos. A poucos metros da chegada, os ciclistas davam a impressão de que desceriam das bicicletas e as empurrariam. Mas lá estava Contador, cruzando a linha em terceiro lugar.

Depois da etapa, ele deu a seguinte declaração. "Foi um dia incrivelmente duro, onde precisei usar a cabeça. Foram mais de sete horas, a etapa mais dura da minha vida. Tive momentos difíceis, onde estive sozinho, mas estou feliz com o resultado", afirmou.

A dúvida que surge é: quem está fazendo uma melhor preparação para o Tour? Contador, correndo o Giro, ou seus adversários, treinando à parte?

Um mesmo ciclista não vence o Giro e o Tour em um mesmo ano já há quase 13 anos. Foi Marco Pantani, em 1998. Além dele, poucos foram os nomes que obtiveram o mesmo feito. Entre eles, as lendas Miguel Indurain, Bernard Hinault, Eddy Merckx e Fausto Coppi.

Contador já é uma lenda do ciclismo, independente de seu envolvimento com doping ou de seu "caráter" na estrada - Andy Schleck que o diga. Mas será que as cruéis escaladas da Itália irão ajudá-lo ou atrapalhá-lo em sua busca pela quarta vitória em território francês? Suas palavras depois da escalada do Gardeccia me colocaram essa dúvida.

Fato é que nenhum ciclista deu mostras nesta temporada de que será capaz de bater o espanhol no Tour. Resta saber se essa disparidade será suficiente a ele ou se o desgaste do Giro irá prejudicá-lo. Mais certo ainda é que, caso ele vença ambas as provas, ele se torna cada vez mais um dos melhores ciclistas da história.