sábado, 10 de julho de 2010

Uma semana louca, uma semana emocionate

O britânico Mark Cavendish celebra sua vitória no 6º estágio, nesta sexta-feira

É hora de subir a serra!

Chega ao fim a primeira semana da competição ciclística mais importante do planeta, o Tour de France. Por mais que nós ciclistas, amadores ou profissionais, saibamos enxergar emoção em cada etapa de Le Tour, estou certo de que nenhum de nós esperava uma primeira semana tão frenética.

Primeiro porque a maioria dos trajetos destas seis primeiras etapas e do prólogo que abriu a competição no último sábado deu-se em regiões planas. Quase sempre é chato acompanhar o pelotão andando em um ritmo imutável durante 190 km, se guardando para os 10 km finais. As etapas desta semana mostraram o porque do "quase sempre."

Nada de anormal no primeiro dia. No último sábado, disputou-se um contra-relógio de 8,9 km em Roterdã, na Holanda. O melhor tempo ficou com o suíço da equipe Saxo Bank Fabian Cancellara, que concluiu o percurso em dez minutos e ficou com a camisa amarela (indicação do líder geral do Tour). Entre os melhores tempos, ficaram os do americano e lenda viva do esporte Lance Armstrong (equipe Radioshack), 22 segundos atrás de Cancellara, e do atual campeão, o espanhol Alberto Contador (equipe Astana), 27 segundos atrás.

Já o segundo dia – Estágio 1 - trouxe algumas dolorosas surpresas aos competidores, mesmo sendo totalmente plano. Para começar, nos primeiros dos 223 km entre Roterdã e Bruxelas, na Bélgica, um cão invadiu a rodovia bem na frente do pelotão, causando a queda de alguns ciclistas e a quebra parcial do pelotão. Tudo bem, nada tão sério. O pior estava para o final. Talvez pelo excesso de vontade, três quedas bagunçaram os últimos quilômetros da prova. Todas as estratégias planejadas pelos chefes de equipe para o sprint final foram por água abaixo e a vitória na etapa “sobrou” para o italiano Alessandro Petacchi (Lampre). A camisa amarela não mudara de mão, pois a diferença de dez segundos entre Cancellara e o segundo colocado não foi superada.

O segundo estágio dava mostras de que não seria fácil. Os 201 km entre Bruxelas e Spa, ainda na Bélgica, começavam planos e terminavam com subidas e descidas – as chamadas etapas de montanha. Para piorar, o verão belga é chuvoso e uma leve garoa deixou a estrada como manteiga. Não deu outra: quedas! Uma delas, generalizada, que acabou com o pelotão em uma estreita curva. O francês Sylvain Chavabel (Quick Step), que havia se destacado do pelotão no início da etapa, não tinha nada com isso e aproveitou para assumir a ponta isoladamente e colocar uma diferença de quase quatro minutos entre ele e o pelotão. Camisa amarela para ele, três minutos de dianteira na classificação geral. Em forma de protesto e solidariedade com os atletas acidentados, o pelotão chegou aos metros finais da etapa sem disputar posições através do sprint final, ficando todo o grupo com o mesmo tempo.

Etapa plana e céu limpo no quarto dia. Promessa de tranqüilidade, correto? Nada disso! Saindo de Wanze, Bélgica, o grupo percorreu 213 km até Arenberg Porte du Hainaut, França, e muita gente beijou o chão. Apesar de plana, a etapa possui trechos de pequenas estradas com calçamento (chamadas pavé, em francês), motivo maior das quedas e dos furos de pneu. A menos de 20 km da chegada, em um trecho estreito, outra grande queda generalizada no meio do pelotão. Um dos favoritos, Frank Schleck (Saxo Bank), teve contusão séria nessa queda e abandonou o Tour, com cirurgia no ombro programada para o mesmo dia. O pavé estragou a bicicleta de muitos, entre eles o sortudo do dia anterior, Chavanel, que trocou de bicicleta duas vezes. O impensável, então, aconteceu: a diferença de três minutos que o francês conseguira no dia anterior simplesmente evaporou e ele conseguiu ficar com um minuto de atraso, dando adeus à camisa amarela. Contando desta vez com o sprint final, o norueguês Thor Hushovd (Cervelo Test Team) venceu. Cancellara conseguiu chegar junto com os sprinters e, com o atraso de Chavanel, recuperou a camisa amarela.

Nas etapas seguintes, nada de novos grandes tombos que atrapalhassem o pelotão e muita retidão. Emoção apenas nos sprints finais e na disputa das equipes pelas primeiras posições. Cancellara mantém a camisa amarela até o momento, com 20 segundos de frente para o segundo colocado. Mark Cavendish finalmente mostrou a que veio, vencendo os estágios de quinta e de sexta-feira, mas não se sabe se ele se sairá tão bem nas montanhas, pois sua especialidade são os sprints.

Daqui pra frente, o bicho vai pegar. Chega de etapas planas, pois é hora de subir a serra! Começando neste sábado com o sétimo estágio, até o décimo-sétimo estágio em 22 de julho, haverão muitas (eu disse muitas!) etapas de montanha, onde apenas os mais resistentes conseguirão vencer. É aí que se espera que os grandes favoritos como Armstrong e Contador realmente mostrem sua capacidade, pois até agora, muitas surpresas dominaram a parte de cima da classificação geral.

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