terça-feira, 20 de julho de 2010

À conquista de Paris!



Muitas emoções nos primeiros dias de escalada dos Pirineus. Uma ótima briga está sendo travada entre os quatro primeiros colocados na classificação geral. E uma troca de mãos na camisa amarela que foi muito contestada pelo público. Vamos ao que ocorreu nessas quatro etapas.

No sábado, uma etapa considerada plana pela organização. Apesar de contar com cinco metas de montanha, nenhuma passava da categoria 3, além de duas metas volante (planas), uma nos 38 km finais. Nada muito diferente das outras etapas planas, onde os sprinters foram os primeiros a chegar. Apesar de não ser um sprinter, o vencedor foi o cazaque Alexander Vinokourov (Astana), que na última meta de montanha do dia assumiu a ponta e não foi alcançado na descida. 13 segundos depois de Vinokourov, o pelotão chegou, disputando os pontos em um sprint final. Para variar, Mark Cavendish (HTC Columbia) cruzou em “primeiro” entre os sprinters. Nada mudou na disputa pela camisa amarela.

E no domingo a chegada aos Pirineus! A princípio, apenas duas metas volante, mas a partir do quilômetro 106, começou a subida ao Port de Palhéres (HC, 2.001m de altitude), e logo em seguida uma subida de categoria 1 até a linha de chegada na cidade de Ax 3 Domaines. Durante essa última subida, a briga entre Schleck, Contador, Sanchez e Menchov (os quatro primeiros na classificação geral) foi incrível. Os dois primeiros, líder e vice respectivamente, não se desgrudavam em momento algum. Mais à frente, Sanchez (Euskaltel), terceiro, e Menchov (Rabobank), quarto, estavam muito mais agressivos, se atacando a todo tempo. Enquanto isso, o francês Chritophe Riblon (AG2R), atleta da fuga, se distanciava e acabou ganhando a etapa. 54 segundos mais tarde, Menchov e Sanchez chegaram juntos. 14 segundos depois, um pequeno grupo contendo Schleck e Contador. No final das contas, Sanchez e Menchov acabaram cortando 14 segundos na diferença para os líderes Schleck e Contador e estão vivos na disputa pela camisa amarela, uma vez que têm grandes chances de ir bem no contra-relógio de sábado.

Uma grande surpresa estava guardada para a segunda-feira. E uma das mais infelizes para o jovem Schleck. Em suma, durante a última meta de montanha do dia, o Port de Balès (HC, 1.755m de altitude), o luxemburguês começou um ataque a Contador, assim como o espanhol o fizera na sexta-feira. Quando se distanciara alguns metros de seu concorrente, a corrente da bicicleta de Schleck se soltou. Talvez pela empolgação de estar fazendo um ataque decisivo, ele tenha pedalado ao mesmo tempo que mudou a marcha, causando o problema. Talvez foi apenas azar. Quem mais se aproveitou disso foi Contador. Ele disparou enquanto Schleck e os membros da Saxo Bank, sua equipe, recolocavam a corrente. Foram segundos preciosos. Pelo segundo dia seguido, um francês que estivera na fuga levou a etapa. Foi Thomas Voeckler (Bbox). Contador, Sanchez e Menchov cruzaram 2:50 minutos mais tarde. Schleck fez o que pôde, mas só cruzou a linha 39 segundos depois dos três concorrentes. A camisa amarela voltava às mãos do atual campeão.

A etapa de ontem até que foi dura em termos de subida. Duas metas de categoria 1 e duas HC. Porém todas nos 138 km iniciais. Os 60 km finais foram de metas volante. Isso favoreceu ao grupo da fuga, que após passar pelo Col d’Aubisque (HC, 1.709m de altitude) começou a descer e não mais foi alcançado. Dentre os nove atletas do grupo, ninguém mais que Lance Armstrong (Radioshack). Ele até que estava presente no sprint final, mas os 39 anos e as quatro impiedosas subidas fizeram com que ele cruzasse a linha apenas em sexto, mas com o mesmo tempo do primeiro colocado, o também francês Pierrick Fedrigo (Bbox). A colocação não mudou muito a situação de Armstrong, que ainda está mais de 30 minutos atrás do camisa amarela. Mas, em comparação com tudo o que ele passou no Tour deste ano, essa pode ser considerada a vitória da sua despedida. O pelotão chegou 6:45 minutos mais tarde, com os quatro líderes, como sempre colados. Nessa disputa, nada mudou.

Amanhã, de volta ao batente no 17º estágio. Um estágio duríssimo, 174 km entre Pau e o Col du Tourmalet. Duas metas de categoria 1 e a linha de chegada em uma meta HC a 2.115 m de altitude e com subidas de 9% de inclinação. O resultado deste estágio será um dos grandes definidores do resultado final, restando ainda o contra-relógio.

Na sexta-feira, um 18º estágio plano do início ao fim. 198 km entre Salies-de-Béarn e Bordeaux. A disputa pela camisa amarela talvez não sofra muitas alterações neste dia, mas a disputa pela camisa verde (a disputa dos ciclistas com mais pontos) poderá sim sofrer mudanças. Quem gosta de sprints finais, não pode perder.

O contra-relógio individual de sábado, 52 km entre Bordeaux e Pauillac, será o divisor de águas na decisão final da camisa amarela. Dependendo do que acontecer na quinta e na sexta, a disputa de sábado pode se centralizar em Contador, Sanchez e Menchov, que são ótimos sprinters. Especialistas acreditam que Schleck tem poucas chances, pois é um melhor escalador do que sprinter. Se ele não recuperar a amarela e colocar uma boa diferença à frente dos três supracitados, suas chances serão poucas no contra-relógio.

No domingo, o fechamento da edição 2010 do Tour de France. Um estágio onde a competição dará lugar à festa do povo francês. Festa essa que vem se repetindo desde 1903, mas que mesmo assim ninguém quer ficar de fora. E que cenário melhor para uma celebração, do que Paris? Do que a avenida de Champs Élysées, com o Arco do Triunfo ao fundo? É para poucos.

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