Uma matéria bastante sensacionalista, em um jornal popular veiculado em Belo Horizonte (Super Notícia) no último domingo, 14, trouxe uma análise de dados bastante interessante. Clique aqui para lê-la. Óbvio, não entrarei no mérito da estratégia comunicativa da matéria, que foi paupérrima, mas ela se adequa ao público alvo do jornal e, convenhamos, chama a atenção de qualquer um.
Intitulada "No trânsito da capital, até peru vai mais rápido do que os ônibus", a matéria, de autoria de Tâmara Teixeira, traz dados, segundo a mesma, obtidos com exclusividade junto à Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Os dados dizem respeito à velocidade média dos veículos nos deslocamentos urbanos da capital. Como mencionei, a matéria utilizou uma maneira sensacionalista de expor as informações. Mas tentarei explicá-los.
Os ônibus da capital mineira têm uma velocidade média de 20 km/h em seus trajetos. Porém, na região central do município, nos horários de pico, esta velocidade cai para a inacreditável média de 9 km/h. Vale citar que o hipercentro de Belo Horizonte é local de tráfego de veículos e pessoas de toda a região metropolitana da capital, que possui cerca de 5 milhões de habitantes.
A visão da BHTrans já é pessimista, segundo o seguinte trecho da matéria mostra:
Intitulada "No trânsito da capital, até peru vai mais rápido do que os ônibus", a matéria, de autoria de Tâmara Teixeira, traz dados, segundo a mesma, obtidos com exclusividade junto à Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Os dados dizem respeito à velocidade média dos veículos nos deslocamentos urbanos da capital. Como mencionei, a matéria utilizou uma maneira sensacionalista de expor as informações. Mas tentarei explicá-los.
Os ônibus da capital mineira têm uma velocidade média de 20 km/h em seus trajetos. Porém, na região central do município, nos horários de pico, esta velocidade cai para a inacreditável média de 9 km/h. Vale citar que o hipercentro de Belo Horizonte é local de tráfego de veículos e pessoas de toda a região metropolitana da capital, que possui cerca de 5 milhões de habitantes.
A visão da BHTrans já é pessimista, segundo o seguinte trecho da matéria mostra:
"Segundo o gerente de planejamento da BHTrans, Célio Freitas, não há qualquer previsão para aumentar a velocidade dos automóveis. 'Não conseguimos fazer uma melhoria. Mesmo se cumprirmos todo o plano de mobilidade da prefeitura, o automóvel permanecerá com essa velocidade (25km/h). A tendência é piorar. Então, se mantivermos o que temos hoje, já é uma melhora', disse."
Freitas é, de duas, uma: um pessimista ao extremo ou alguém que desconhece as propostas da própria empresa onde trabalha. De acordo com o site da BHTrans, na definição do programa "Pedala BH", o planejamento "prevê a implantação de cerca de 365 km de ciclovias" e que "141 km de ciclovias estão em fase de elaboração de projetos em diversas regiões da cidade". Por acaso o gerente desconhece esse projeto ou simplesmente acredita que o mesmo não irá melhorar em nada a mobilidade urbana da cidade?
Através do mapa abaixo, se pode perceber que o projeto é ambicioso. Porém, adjetivos como "utopista" e "eleitoreiro" também podem ser usados, uma vez que as eleições municipais estão à porta. As linhas vermelhas representam as ciclovias já existentes, enquanto as linhas verdes representam as ciclovias vislumbradas pelo "Pedala BH":
Através do mapa abaixo, se pode perceber que o projeto é ambicioso. Porém, adjetivos como "utopista" e "eleitoreiro" também podem ser usados, uma vez que as eleições municipais estão à porta. As linhas vermelhas representam as ciclovias já existentes, enquanto as linhas verdes representam as ciclovias vislumbradas pelo "Pedala BH":
Falando do ponto de vista da mobilidade urbana, a fala de Freitas, afirmando que mesmo se todo o plano de mobilidade da prefeitura for cumprido a velocidade média dos automóveis não aumentará, se torna um absurdo tremendo. A quantidade de ciclistas nas ruas da capital está crescendo, mesmo sem a existência de ciclovias funcionais no município (na teoria, são 22 quilômetros, mas que não ligam nada a nada).
Não duvido que o número de pessoas que deixariam o carro em casa para se deslocar com a bicicleta aumentaria consideravelmente com a existência de ciclovias. Se (somente "se") o projeto do "Pedala BH" sair do papel, a mobilidade urbana e a velocidade média do trânsito da cidade aumentariam, sem sombra de dúvidas, ao contrário do que Freitas alega.
Mas há, além do ponto de vista da mobilidade urbana, o ponto de vista das vidas que são ceifadas nos asfaltos de todo o Brasil. No último dia 17, Rubens Vieira, o Rubão, de 53 anos e pai de quatro filhos, foi assassinado por um motorista embriagado na Via Expressa, na região noroeste da capital. É desnecessário afirmar que ciclovias podem evitar mortes no trânsito.
Não duvido que o número de pessoas que deixariam o carro em casa para se deslocar com a bicicleta aumentaria consideravelmente com a existência de ciclovias. Se (somente "se") o projeto do "Pedala BH" sair do papel, a mobilidade urbana e a velocidade média do trânsito da cidade aumentariam, sem sombra de dúvidas, ao contrário do que Freitas alega.
Mas há, além do ponto de vista da mobilidade urbana, o ponto de vista das vidas que são ceifadas nos asfaltos de todo o Brasil. No último dia 17, Rubens Vieira, o Rubão, de 53 anos e pai de quatro filhos, foi assassinado por um motorista embriagado na Via Expressa, na região noroeste da capital. É desnecessário afirmar que ciclovias podem evitar mortes no trânsito.
A repórter Tâmara Teixeira pode ter sido meramente "infeliz" ao usar a velocidade de um peru para chamar a atenção para o problema da mobilidade urbana em Belo Horizonte. Porém, a matéria serviu, e muito, para mostrar qual é a posição dos governantes do município, em relação aos planos para a melhora do trânsito na cidade: há preguiça, má vontade e completo descaso. Afinal, há, sim, o que se fazer. Basta fazer.
Muito bem, Thiéres. Legal o seu texto. Siga em frente!
ResponderExcluirAbs
Leandro Bittar